Quando acidentalmente um grupo de Predadores é chamado à Terra, um pelotão de ex-soldados e uma cientista precisam fazer de tudo para impedir que estes alienígenas brutais façam de todos suas caças.
É impossível falar do Predador e não lembrar do filme de 1987. Por mais antigo que o filme seja, ele consegue capturar tão bem a essência que qualquer feita de forma diferente disto parece estranha, deslocada.
É exatamente o caso de O Predador. Este filme está longe de ser ruim, porém, em nenhum momento da obra, parece um longa deste alien. Ao invés de termos o suspense e o horror marcantes da primeira obra, nós vemos um filme de ação com toques cômicos.
Misturar ação com comédia é uma marca característica do diretor deste filme, Shane Black (que atuou no filme de 1987!). Todos seus trabalhos anteriores contam com isto, dentre eles temos Homem de Ferro 3 e Dois Caras Legais. Além disso, o diretor realiza um trabalho seguro por boa parte do filme. As cenas de ação são muito bem filmadas e empolgantes, mas, com o decorrer do filme, principalmente no terceiro ato, elas começam a cansar em decorrência da repetição de cenários. Outro problema do terceiro ato é a megalomania do diretor, que entrega cenas espalhafatosas, que acabam ficando confusas na telona.
O roteiro é a principal fraqueza deste longa metragem. Pode-se dizer que ele até apresenta boas ideias ao longo da trama, mas ele é inconsistente com a própria lógica que ele estabelece. Por exemplo, o personagem de Jacob Trembley uma deficiência auditiva que o deixa sensível a sons altos, mas, quando é cômodo, o filme ignora isto completamente. Já a personagem de Olivia Munn é uma bióloga renomada, que serviria como um contraponto para os demais personagens militares, todavia no primeiro momento que ela recebe uma arma, ela se mostra tão preparada quanto os demais personagens.
Outro grande problema do roteiro são a extensa quantidade de personagens e as excessivas tramas paralelas, que muitas vezes começam, se desenvolvem e não possuem um desfecho. Já as tramas que possuem um final, possuem um resolução muito simples e rápida, deixando a sensação que poderiam ter feito um trabalho mais cuidadoso. Sem contar com os minutos finais do filme, que são completamente desnecessários e só estão lá com a esperança de que este filme tenha uma continuação.
Falando assim, parece que um roteiro foi um completo desastre, mas, na verdade, o seu problema é exclusivamente narrativo. As falas do filme são bem encaixadas e dosadas. O humor e as piadas funcionam muito bem, gerando situações genuinamente hilárias.
A trilha sonora da franquia é algo que me incomoda desde o primeiro filme. Todos os filmes do Predador contam com uma trilha conducente e constante demais, que acabam distraindo e tirando a tensão do espectador. A trilha deste filme em específico, realiza um trabalho de emular e homenagear a da primeira obra.
As atuações são todas razoáveis e cumprem muito bem os seus propósitos. Boyd Holbrook interpreta bem o soldado canastrão, irônico e, ao mesmo tempo honrado. Olivia Munn é uma cientista convincente e uma mulher badass. Jacob Trembley é sempre prazeroso de assistir, esse moleque tem muito futuro. Sterling K. Brown é um bom antagonista, mas poderia ter puxado mais de seu personagem e sido um pouco mais nefasto. Keegan–Michael Key e Thomas Jane possuem uma química muito boa e são excelentes como alívios cômicos.
Portanto, se você estiver indo assistir O Predador esperando cenas da marcante visão de calor (infelizmente ela aparece pouquíssimo nesse filme), do suspense e do terror, sinto lhe informar que você irá se decepcionar. Já se você estiver procurando um filme divertido, com muita ação, então O Predador é a pedida para ir ao cinema. Vale dizer também que o 3D não faz muita diferença para o filme e que a classificação indicativa é para maiores de 18 anos.