Eu já tinha visto o trailer do filme em um evento sobre os livros da Editora Arqueiro e logo de cara quis conferir o filme, pois um drama de sobrevivência envolvendo Kate Winslet e Idris Elba é algo que, com certeza, desperta minha curiosidade. Me preparei toda para um filme tenso, romântico e intenso e o que eu recebi passou bem longe disso. O longa Depois Daquela Montanha é baseado em um romance, de mesmo nome, do autor Charles Martin. O livro é muito bem recebido pelo seu público, já o filme…
Eu vou dar o maior spoiler dessa resenha: o filme não convence em nada. É muito difícil para mim dizer isso, pois Kate Winslet é uma atriz que tem me acompanhado a vida inteira, desde que vi Titanic pela primeira vez. Sempre assisti a seus filmes religiosamente e em sua grande maioria, sempre entraram em listas de favoritos. Infelizmente, não poderei dizer o mesmo deste filme. É tudo extremamente raso no filme. Os momentos de tensão? Rasos; A personalidade dos personagens? Rasa; O Romance exposto que deveria nos arrancar suspiros? Raso; Tudo com um grande potencial e expectativa, mas que morre na praia, ou melhor, na montanha mesmo.
O roteiro tem pontos falhos ao tentar construir a história de dois estranhos completamente diferentes que se apaixonam em uma situação adversa. O roteiro nos introduz à Alex (Kate Winslet), uma fotojornalista ansiosa, de iniciativa e que iria se casar se não fosse a tempestade que impede que seu voo saia. Alex, precisando chegar em seu casamento, consegue fretar um avião pequeno e logo oferece uma carona para Ben ( Idris Elba), um neurocirurgião controlado, certinho e que também tinha um compromisso inadiável e precisava sair o mais rápido possível do aeroporto. Superado esse clichê inicial, os dois embarcam em um avião de pequeno porte, em meio a uma tempestade com um piloto sobrevivente de guerra, que não preenche um plano de voo, e seu cachorro.
Não bastasse a tempestade, outro imprevisto ocorre no meio da viagem e o avião dos dois acaba caindo no meio de uma montanha, no frio congelante. Os dois se ajudam, vão se conhecendo aos poucos e tentam sobreviver. Ótimo! Certo? Simplesmente os dois atores não funcionaram juntos. O diretor Hany Abu-Assad parece ter ficado perdido entre os muitos pontos mal desenvolvidos pelo roteiro de J. Mills Goodloe e Chris Weitz. Nada, absolutamente nada, é aprofundado. A construção da relação dos personagens é feita para deixar o questionamento sobre a natureza do sentimento que ambos desenvolveram e apesar de inicialmente eu ter achado isso ótimo e diferente, o resultado final mais parece que os roteiristas não sabiam como colocar essa dúvida de forma simples, ficando no espectro do mau desenvolvimento. Vejam bem, temos dois personagens no meio do nada, apenas contando um com outro, é natural que eles se questionem se eles realmente estão se apaixonando, mas isso não aparece no roteiro. É possível identificar o sentimento dos dois apenas em alguns momentos, através de certos gestos muito mau definidos. Além disso, os dois atores não têm nenhum entrosamento. Cheguei a me questionar se era um romance ou uma história de amizade mesmo. Kate Winslet entrega uma personagem sem grandes momentos, mas de certa forma entrega bem. Por outro lado, Idris Elba parece estar dentro de um quadrado sem poder se mexer e com as mãos amarradas. Os dois simplesmente não funcionam.
Tudo bem, o romance não deu certo, mas ainda temos os pontos de tensão que todo drama de sobrevivência possui. Certo? Outra decepção. Todas as cenas que buscavam deixar os telespectadores tensos simplesmente evaporavam. Parece que nessas cenas não foi realizado nenhum trabalho para realmente construir a tensão. Tudo muito rápido e previsível para caber nos 103 minutos do filme. E aí está o ponto positivo do filme, 103 minutos, mas que não são chatos ou cansativos, digamos apenas que não funciona. E ainda, a fotografia é muito bem feita, os takes do vasto cenário branco e natural são realmente bons, mas não é o suficiente para aumentar o hype do filme.
Depois Daquela Montanha é um filme quadrado, sem grandes feitos e com uma direção e roteiros rasos. De todas as partes que compõem o filme é entregue apenas o suficiente para contar uma história sem nenhuma profundidade.
Nota 2/5