Fazer a releitura de uma série clássica como Perdidos no Espaço é uma grande tarefa, mas a Netflix conseguiu resgatar aquele ritmo bom de ação dos velhos tempos. Aquela ação que não é justificada, sem profundidade, muito comum nos dias de hoje, não está com nada. Bom mesmo é aquele senso real de urgência, pois os imprevistos vão acontecendo e você tem que pensar rápido para sobreviver. Logo no piloto você já percebe o clima da trama: uma família unida, usando a inteligência e a estratégia, puramente para se salvarem.
Muitos remakes acabam não dando certo, pois ao atualizar o título para os dias atuais, os cineastas não conseguem agradar os antigos fãs nem fazer novos e só estão em busca do lucro, que aparentemente seria garantido. Nesse caso, de certa forma, eles trazem de volta os personagens e tramas originais, mas com efeitos especiais modernos. A família Robinson, lá na década de 60, era certinha, vivendo na época da corrida espacial, no qual os filhos obedeciam seus pais e etc. Hoje em dia, as coisas são bem diferentes. Os filhos são inteligentes, mas na hora de obedecer, são bem danados – em alguns momentos dá até raiva da intransigência.
Na hora de atualizar a família, a mãe se tornou um gênio da ciência, o pai é militar, a filha adotada tem 18 anos e já é formada em medicina, uma outra filha mais fútil e um menininho nerd. E, antigamente, tínhamos um Dr. Smith espião e que infiltrou-se na nave para sabotá-la. Agora temos uma versão feminina sociopata. Aqui, os pais agem como adolescentes e – pasmem! Parece que o garoto de 11 anos age com mais maturidade que o resto. As atuações deles não são as melhores do mundo, mas, para o que se propõe, está ótimo.
A parte técnica da série, como edição, efeitos e direção de arte, são impecáveis, no nível de Star Trek Discovery – acho que a Netflix aproveitou que conseguiu pegar os fãs nostálgicos e resolveu abocanhar mais uma franquia de sucesso. E, assim como em Star Trek, a música tema foi remodelada, mas ainda com o charme da original. Enfim, as referências estão lá, mesmo que discretas.
Concluindo, é uma série mais de ação do que de ficção científica, nostálgica e bem atualizada ao mesmo tempo. E de tirar o fôlego! A trama tem bastante reviravolta, de deixar você grudado no sofá com vontade de maratonar. E acredito que será renovada para uma segunda temporada – e olha que nem vi a primeira toda ainda.
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