Wi-Fi Ralph retoma a história de Detona Ralph e sua então melhor amiga Vanellope Von Schweetz seis anos após o primeiro filme.
Por: Matheus Volnutt e Camila Fernandes
Numa era em que as crianças dominam a internet, a casa de fliperama Litwak ainda sobrevive com seu público resistindo a crise dos jogos físicos, mas não tem mais a facilidade de manter seus aparelhos, pois um jogo não lucra o suficiente para pagar seu conserto e suas peças não vendem mais. A fim de renovar, o dono Sr. Stan decide conectar a casa a internet e assim Ralph e Van decidem se aventurar pela internet em busca de arrecadar monetização o suficiente para salvar o fliperama.
Wi-Fi Ralph vai abordar os relacionamentos afetivos, as nossas inseguranças e que tudo bem que as amizades mudem sem se perder. A ideia é que a amizade dos dois fortaleceu-se com o passar dos anos. Contudo como em toda amizade, as pessoas são diferentes e por isso tem sonhos e visões de mundo diferentes. E aí entra o ponto principal dessa animação da Disney, que na realidade tem já seguido a mesma linha nos seus últimos filmes.
Além disso tudo, a Disney dá um show de criatividade em mostrar uma visão imagética do que seria a Internet em sua forma física – um conceito já bem explorado em obras como Chatroom, Megaman Battle Network e Emoji: O Filme, mas que aqui ficou melhor do que nunca, pois o filme teve liberdade de brincar com todas coisas boas e ruins da internet que todo mundo no fundo sabe, mas em uma linguagem fácil de entender e ao mesmo tempo instrutiva e debochada, com piadas que acessam o público infantil e o veterano também, além de usar a internet para a própria metáfora da relação tóxica abordada no filme de forma imparcial e agradável.
O filme é um show de referências – um crossover maior que Vingadores: Guerra Infinita. Com uma menção necessária das cenas em que as princesas aparecem, onde eles bebem de todas as fan-arts que mostram as princesas no séc. XXI e executam isso de forma de forma extremamente divertida e brincando com os próprios conceitos, inclusive atribuindo os que faltavam a Vanellope para ser uma digna Princesa, como o musical relâmpago que envolve todo o cenário e objetos em cena – uma piada similar a do filme Encantada, só que bem melhor. Fazendo também uma sátira com elas mesmas e o papel que as princesas ocuparam por tanto tempo nos filmes. Aliás, a metalinguagem foi o ponto mais forte para o humor do filme, destaco principalmente quando o Ralph se tornar um buzztuber e as duas cenas pós-créditos que brincam inclusive com o próprio marketing do filme.
O filme trata com muita delicadeza e metáforas incríveis as partes sérias e reflexivas, sem deixar a desejar em momento nenhum nos momentos cômicos – apesar de cometer o pecado da exceção de clímax, bem recorrente em filmes de super-heróis, o que pode ser aqui também uma metalinguagem. Uma observação especial também a dublagem brasileira que tem diversas referências a nossa cultura permitindo que as piadas que antes seriam locais americanas não ficassem desconexas como muitas vezes acontece.
Wi-Fi Ralph já está nos cinemas de todo o Brasil.